terça-feira, 28 de julho de 2009

Recessão no Brasil acabou em maio, avaliam bancos

A recessão brasileira terminou em maio. Após dois trimestres seguidos de retração, que caracterizaram recessão técnica no país, a economia brasileira voltou a se expandir exatamente no centro do segundo trimestre, de acordo com diferentes estudos dos bancos Bradesco e Itaú Unibanco.

Segundo o Bradesco, com os dados até maio, o PIB do segundo trimestre já apontava um crescimento de 1,7% em relação aos primeiros três meses deste ano. Até abril, os resultados eram negativos.

Já os economistas do Itaú Unibanco detectaram em maio uma alta de 2,3% do PIB em relação a abril, o que também sugere a primeira expansão trimestral da economia após a crise. Os dados fazem parte de uma nova pesquisa, que segue a metodologia do IBGE, para estimar o PIB mensal, já livre de efeitos sazonais. Em abril, a pesquisa apurara retração de 0,7% em relação a março.

Para Octavio de Barros, diretor de pesquisas do Bradesco, os números mostram que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a sair da crise. A recessão é caracterizada tecnicamente por economistas com dois trimestres seguidos de retração. De acordo com o IBGE, a economia encolheu 0,8% no primeiro trimestre e 3,6% no último trimestre de 2008.

Segundo Barros, a saída do Brasil da recessão é algo para ser comemorado, mas que era previsível dados os sinais de que o país e alguns emergentes sairiam antes da crise por conta de seus grandes mercados domésticos. "A ação do governo foi importante para a recuperação, principalmente a atuação dos bancos públicos", disse ele.

Desde janeiro, o levantamento do PIB mensal do Itaú Unibanco mostra uma recuperação lenta da economia. A novidade em maio foi que o indicador do Itaú se expandiu de forma mais vigorosa. "Do jeito que as coisas estão caminhando, não só teremos crescimento, como um crescimento bem positivo [no segundo trimestre]. A gente captou uma coisa que não se via antes. Tínhamos vários indicadores mensais, como produção industrial e dados do varejo, mas que não davam o quadro completo", afirmou Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco.

Na previsão do Itaú, o PIB deve ter crescido entre 1,5% e 2% no segundo trimestre de 2009 em relação ao período anterior. Para o Bradesco, a alta pode ser de até 2,2%.

Apesar da recuperação a partir de maio, o PIB deste ano ainda deve registrar queda de pelo menos 0,5%, em razão da forte desaceleração do início do ano. Para 2010, as previsões são bastante otimistas, de crescimento superior a 4%, de acordo com o Bradesco.

Os dados desagregados do indicador calculado pelo Bradesco mostram que a demanda doméstica foi a responsável pelo desempenho favorável, enquanto o setor externo ajudou a jogar a atividade para baixo.

Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú, a redução das alíquotas de IPI para o setor automobilístico foi um dos propulsores do crescimento entre abril e junho. Ele afirma que o incentivo levou a indústria a uma expansão mensal média de 1,5% de janeiro a maio --excluindo o setor, a variação recua para 0,6% ao mês.

O segundo fator da recuperação foi o ajuste nos estoques da indústria. Isso porque, no início da crise, a produção caiu mais rapidamente do que a demanda, como uma reação para impedir uma formação indesejada de estoques. Com a recuperação da demanda, a indústria teve de voltar a produzir mais para não ter problemas de entrega. "E isso ocorreu entre abril e junho, elevando a taxa de crescimento da produção industrial", disse Bicalho.

O segundo fator foi o ajuste nos estoques da indústria. Finalmente, houve uma recuperação de volumes exportados e preços das commodities, com a retomada da demanda chinesa. A previsão é que as exportações sigam como principal fator de recuperação no segundo semestre.

Para o Itaú, os indicadores de junho já divulgados mostram recuperação da economia em diversos setores, com destaque para vendas no varejo e para a produção industrial. Na avaliação do banco, o crescimento verificado no segundo trimestre de 2009 pode ser até em ritmo mais vigoroso do que a média vista no período anterior à crise. Por outro lado, a expectativa é a de que, na segunda metade do ano, esse ritmo se desacelere novamente.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Brasil deve iniciar 2010 em situação altamente confortável, diz Lula

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que o governo trabalha com a hipótese de que o Brasil iniciará o ano de 2010 em uma situação "altamente confortável, produzindo bem e vendendo bem". Em seu programa semanal de rádio Café com o Presidente, ele avaliou que o país vive "um momento importante" na economia, mas que é preciso "cautela", uma vez que a crise financeira internacional ainda persiste nos Estados Unidos e na União Europeia.

"Tomamos todas as medidas que tínhamos que tomar para incentivar a economia, facilitar o crédito, incentivar o consumo. O que estamos notando são números expressivos na indústria automobilística, na venda de geladeiras, de máquinas de lavar roupa e de fogões", disse. Para Lula, o comércio brasileiro está "voltando com força".

O presidente lembrou que, nos últimos cinco meses, o Brasil apresentou crescimento na geração de postos de trabalho com carteira assinada. Para ele, o fato de o país já ter recuperado metade dos empregos que perdeu no auge da crise significa que, até o final deste ano, poderá recuperar "tudo o que perdeu".

" Queremos que o Brasil volte ao ritmo de crescimento que tinha antes da crise para que, em pouco tempo, se transforme em uma das economias mais importantes do mundo", disse.

Como exemplo, Lula destacou que, enquanto a General Motors foi "vítima de uma crise profunda" nos Estados Unidos e chegou a receber bilhões de dólares do governo americano para se reerguer, a GM no Brasil anunciou um investimento de R$ 2 bilhões até 2012. "Uma demonstração de que as indústrias voltaram a confiar no Brasil e estão percebendo a solidez da economia brasileira", afirmou. "Entramos em uma fase de crescimento, que tem de ser sustentável." (Agência Brasil)



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